QUANDO PENSARES EM MIM Quando pensares em mim, escreve como se existisse a palavra que queres. Escreve como se existisse a forma que cabe o que pensas ou o que sentes. Ou senão, escreve apenas, escreve, levas a caneta ao papel, deita-a sobre as dobras do branco labirinto. Assim sou eu também. Temos novamente algo em comum: sabemos evitar o que criamos, sabemos evitar o que sabemos. Sabemos evitar o que nos escreve, e sabemos evitar o que somos – sabemos, enfim, alguma coisa. Então, é melhor não dizer, é melhor esconder, assim são as palavras: algo que se esconde. Queres dizer o que sentes? Experimentas escrever; escrever é a facilidade de desistir. - Vai, olha para o papel, a folha é pura, é branca, sim, guarda a caneta, tente, como é fácil não prosseguir. Percebe? Isso talvez seja poesia, talvez seja literatura, ou qualquer coisa que assuste. Não prossiga, isto talvez seja arte. Isso de que se desiste. ...