Foram os imigrantes alemães que trouxeram ao Brasil os ovos coloridos que na Alemanha culminavam com a Páscoa, tradição essa que por sua vez vinha das festas germânicas (os então chamados "bárbaros") em honra à Eostre ou Ostera.
Páscoa em alemão chama-se Oster (pronuncia-se "ôstar") e vocês já perceberam que tem a ver com o nome da deusa Oestre.
E essa festa indicava o início da primavera e era celebrada geralmente em 30 de março.
Era a deusa da aurora, da fertilidade, do renascimento e do amor, na tradição nórdica, saxônica e germânica.
Uma vez, ela em meio às crianças transformou um pássaro em uma lebre deixando a todos encantados.
Acontece que a lebre começou a ficar triste, pois não conseguia voar e nem cantar.
As crianças, que sempre estavam ao redor da deusa, pediram para reverter a magia e a deusa não conseguia uma vez que seus poderes diminuíam no inverno.
Na primavera e novamente diante das crianças, a deusa Oestre transformou a melancólica lebre de volta ao pássaro que em agradecimento botou ovos coloridos - o que novamente maravilhou as crianças.
Bem, o resto vocês já sabem, os ovos coloridos foram substituídos pelo mesoamericano, mexicano e amazônico chocolate, feito da semente do cacau, fruto solar de concentrada energia.
O resumo da ópera é o seguinte: é impossível esconder o paganismo na ritualística cristã da Páscoa, como é o caso dos ovos e da lebre (ou os coelhos). Daí o poder da Igreja residir justamente em seu universalismo e acatar tradições pré-cristãs como o "coelho da páscoa", assim como aceitou o fogo, a água, o incenso, a mirra.
O cacau é mágico, Macunaíma em uma de suas peripécias transforma um rio inteiro em chocolate!
E o que mais doce a um amazônico do que ver o seu rio transformado em chocolate?
Cacau é dinheiro que até hoje em qualquer transação à vista você paga "no cacau!".
O cacau cura, dentre outras coisas, a pele ressecada, evita o envelhecimento, melhora o humor - é pura alegria!
Benilton Cruz - Doutor em Teoria e História Literária da UFPA, professor de alemão, e membro da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará - a AMALEP - cadeira n° 11, patrono: Mário de Andrade.
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