ROMANCE Para as Festas da Agonia Vi-te chegar, como havia Sonhado já que chegasses: Vinha teu vulto tão belo Em teu cavalo amarelo, Anjo meu, que, se me amasses, Em teu cavalo eu partira Sem saudade, pena, ou ira; Teu cavalo, que amarraras Ao tronco de minha glória E pastava-me a memória. Feno de ouro, gramas raras. Era tão cálido o peito Angélico, onde meu leito Me deixaste então fazer, Que pude esquecer a cor Dos olhos da Vida e a dor Que o Sono vinha trazer. Tão celeste foi a Festa, Tão fino o Anjo, e a Besta Onde montei tão serena, Que posso, Damas, dizer-vos E a vós, Senhores, tão servos De outra Festa mais terrena Não morri de mala sorte, Morri de amor pela Morte. CRUZ, Benilton. Vozes Ibéricas no Poema “Romance” de Mário Faustino. In: ______. Moços & Poetas : Quatro Poetas na Amazônia. Jundiaí, São Paulo : Paco Editorial, 2016, p. 65-82.91