Pular para o conteúdo principal

Postagens

A CORUJA

  Olhe para cima, bem lá no alto, No céu ou em uma árvore, Ela discreta quer pousar  Perto de você.   Ela é a mascotinha Da deusa da guerra e do saber - Quase ninguém a vê! - Quase ninguém a quer!   Por que ela assusta  Se ela vai Lhe mostrar que o entender É uma forma de viver!   - Uh, - Uh, A corujinha quer chamar você Quer lhe ensinar na escuridão a ver Seus olhos brilham para a luz   Ela guarda a lua É a águia noturna E enquanto você dorme Ela segura o sol Com o seu saber!   - Uh, - Uh, A corujinha quer chamar você Quer lhe ensinar na escuridão a ver Seus olhos piscam para a luz E para você! 27.08.2021 Para a Lygia, Benilton Cruz

A CHAMADA DO MESTRE CAIANO

Vou abordar hoje mais um tema da espiritualidade na Amazônia: a invocação ao mestre Caiano. Essa chamada é o pedido para que seja bem-sucedido, ordenado, disciplinado, o ato religioso de se beber a Ayahuasca. Trata-se de uma oração cantada, discreta, que revela o respeito a uma linhagem anterior de mestres e o primeiro deles é reverenciado.  Caiano foi o primeiro oasqueiro, e assim em sua memória é preciso pedir licença. No ritual da Ayahuasca, tudo é organizado como um cosmo primordial, cuja instância primeira é a floresta. Estamos falando de uma religião amazônica, nascida entre a conexão de homem selva e astral. E antes do efeito do vinho das almas, é preciso pedir licença ao mestre primeiro, e aos poucos  a  bebida vai revelar quem você é. Uma das coisas mais interessantes na ritualística da Ayahuasca, no caso específico, da linha de ensinamentos do mestre Gabriel, é a memória. Para receber a bebida como uma iniciação é necessário tomar na verdade o nome do "primeiro ...

JAGUARETÊ – O PODER DA ONÇA

Etnoxamanismo Amazônico A poesia tem origens, como toda arte, da religião e no caso da Amazônia, a nossa genuína arte poética tem bebido na fonte da pajelança, ou como haveríamos de lembrar: do xamanismo, a prática da medicina ancestral, mas especificamente da medicina da floresta no entender da rural e ribeirinha realidade da verde e continental Hileia. O nosso xamanismo é a pajelança, uma prática de transe, transmutação (e em alguns casos de metamorfose) e cura que coloca a palavra, em sua forma pura, na ajustada frequência, naquilo que vou chamar de o acorde verbal pleno e também naquilo que mais me interessa como etnopesquisador: a oração cantada que muita das vezes se utiliza de animais no ritual, esses conhecidos como animais de poder ou como eu gosto de falar: irmãos espirituais. Em todo caso, aqui, o interesse é abordar a Poética do Etnoxamanismo Amazônico, um tema bastante profundo para se entender a identidade, os aspectos culturais, a linguagem e o perfil religioso desse com...

NOSSA EXISTÊNCIA É ETERNA

 No rumor de asa que parte meu peito  À liberdade de uma palavra tua - para quem ama - Não tenha pressa, nossa existência é eterna. (Diário de Icaro - Benilton Cruz)

EMILY

Tudo o que é sangue  Escreve - Espada ou Mênstruo. A abelha  Sob a sombra do trevo Breve  Ao sol do desejo. (Para Emily Dickinson, 1830-1886, Benilton Cruz) (Na colagem, a foto da atriz Hailee Steinfeld, interpretando a poeta, na série "Dickinson", 2020).   POEMAS DE EMILY DICKINSON COM TRADUÇÃO Who? My friend must be a bird, B ecause it flies! Mortal my friend must be, Because it dies! Barbs has it, like a bee. Ah, curious friend, Thou puzzlest me! Quem? Meu amigo deve ser um pássaro, Porque voa! Mortal meu amigo deve ser, Porque ele morre! Farpas tem, como uma abelha. Ah, amigo curioso, Tu me confundes!               My Life had stood - a Loaded Gun -         In Corners - till a Day         The Owner passed - identified -         And carried Me away - And now We roam in Sovereign Woods - And now We hunt the Doe - And every time I speak for Him - The Mountains str...

SEJA HOMEM!

  Uma definição de Homem hoje em dia tem que levar em conta a palavra decisão. E a grandeza está em agir. Seja homem!, ouvíamos quando criança, e tínhamos que engolir o choro diante de alguma dor, em algum jogo de futebol, e assim até hoje temos dificuldade em dizer o que sentimos, e até vergonha em ir ao médico. Foi assim que nos acostumamos com a dor e foi assim que nos ensinaram que a dor some de dentro de nós. Engolindo o choro em silêncio. Aprendemos desde cedo a suportar e a superar. Mulheres, entendam porque somos de poucas palavras. Afinal, homem não sofre! como também costumávamos a ouvir. E a tal masculinidade? o que dizer dessa palavra do gênero feminino. É também um tipo de  sentimento, é algo muito interno, escondido, mas nada que não se externalize em ação e decisão.  A masculinidade é um tipo de força criativa e nisso nos devemos apoiar como homens. E hoje ser homem - bombardeado de tanta falsa promessa de masculinidade e de afetações ideológicas de feminis...

GUILHERME PARAENSE

Guilherme Paraense, nascido em Belém em 1884, foi o primeiro esportista brasileiro a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpico. Foi atleta do Fluminense Football Club, no Rio de Janeiro, onde morreria em 1968. Militar integrante do Exército Brasileiro, com a patente de tenente, Paraense embarcou para Antuérpia, em 1920, com mais sete companheiros de modalidades diferentes (natação, polo aquático, saltos ornamentais, remo e tiro esportivo) a bordo do navio Curvello, todos por conta própria, já que a CBD não pagaria a viagem dos atletas. A precariedade era muito grande, viajaram de 3ª classe, em camarotes pequenos e sem ar, os atletas resolveram dormir no chão do bar, depois que o último cliente saísse e precisavam acordar cedo para treinar improvisadamente no convés.  Desceram em Lisboa, de onde prosseguiram de trem até a Bélgica, informados de que o navio não chegaria a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Viajaram em um trem aberto, sob chuva e sol. Depois de uma ...

A POESIA NASCE NO OLHAR

  Por algum tempo, fui instrutor de poesia, e ministrei as "oficinas da palavra" a fim de mover o segredo da poesia e consertar o verbo aceso da criação. Surgia, então, a POESIA NASCE NO OLHAR, e distribuía entre os participantes, a maioria, crianças e adolescentes, os textos abaixo. Ministrei esses cursos na Casa da Linguagem, na UFPA, ainda como estudante de Letras, na própria Universidade, e em muitas outras oportunidades, como em Encontro de Estudantes, a nível nacional e estadual, e em escolas públicas, pela prefeitura de Belém. Iniciava com o mito de Orfeu, o poeta-cantor, para mostrar que a inspiração está diante daquilo que perdemos.  A poesia é como a morte, desde que velada e musicalmente encantadora de uma noção de perda e de ressignificação que nos remetem à vida. Depois, aguçava a curiosidade pela imagem e pelo som. Pedia sempre para esquecerem o significado! (Alguns poemas em espanhol para notarem a música de outro idioma). Sintam o som, A melodia, o acorde, a e...