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AMAZÔNIA: ETNOPOESIA

Em 2017, iniciei uma pesquisa sobre o que eu chamei de a Amazônia: Etnopoesia, a poesia oral e cantada dos povos indígenas, seus pajés e índios-muras (os que vivem isolados das suas comunidades), os pontos da matriz africana, os “íkaros”, do idioma shipibo-konibo, espécie de cantos mágicos da Amazônia andina, do ritual de energização e cura das tradições peruanas, cantos estes que chegaram a nós através da ritualística do Daime, bebida sagrada, hoje encontrada em centros religiosos às proximidades de Belém, Pará. Os “Íkaros”, os pontos, os hinos e as rezas-cantadas dos índios-muras só se aprendem em uma sessão religiosa, na solidão do espírito evoluído de quem os recebe sob o efeito de aromas especiais, de bebidas enteógenas como a Ayahuasca (chá feito da folha da chacrona e do cipó mariri), de algum tipo de tabaco, de ervas medicinais, do contato com a sananga, o chamado “colírio da floresta”. Receber é uma forma de compor, e o que vai de uma simples reza a uma sinfonia pode ser u...

HISTÓRIA CULTURAL DA AMAZÔNIA: REMÍGIO FERNANDEZ (1881-1950) UM CLÁSSICO CONTRA A SEMANA DE ARTE MODERNA.

- Recebi este texto de Hiran Lobo, bisneto dessa personalidade que deixou uma história de amor à língua latina, à literatura vernácula, ao Direito e à Docência, dentre tantas coisas que merecem ser recordadas em tempos de Sociedade em Rede. - Dentre algumas curiosidades, Remígio Fernandez foi contra a Semana Arte Moderna porque iria, segundo relatos da família, empobrecer a literatura, deixando de ter importância a métrica e a rima, perdendo assim a tradicional técnica de composição da arte poética. - É interessante esse relato, pois geralmente, poucas pessoas sabiam de fato da revolução modernista em nossa região. Ficou conhecido também como advogado dos pobres por não cobrar honorários das pessoas mais necessitadas, ou, às vezes, aceitava fardo de arroz, galinha, pato e outras benesses da culinária paraense, em troca dos serviços advogatícios. - Foi, politicamente, opositor de Magalhães Barata, apelidando-o de "La Cucaracha", entretanto no post-mortem, recebeu os devidos t...

KRISHNA E RAHDA

Toda palavra é um mantra. E o verbo é energia vital. Sua pronúncia não deve ser à toa, não pode haver desperdício de energia. Evite falar o que não é necessário, e fale somente o essencial. Quem deve falar é coração, e não a boca. E o coração não apenas bate, é a maior vibração que sai de seu corpo quando emana as palavras. O mantra a seguir me veio em um momento de necessidade de entender a união do santo casal: dois nomes que se tornam um: fusão de 2 em 1. A unidade é amor. Não pode haver dualidade, separação de mentalidades, direções, confusões. O amor é uno. É assim a história de Krishna e Rahda que se conheceram na infância e viveram a união sagrada. Na Índia, o amor entre os casais vem de uma educação desde pequenos, por isso a festa de casamento pode durar até três dias. É a celebração do uno. Para este mantra, imaginem um cortejo de elefantes enfeitados e sobre um deles, Krishna e Rahda, em um movimento de um lado para o outro, mas sempre voltando para o centro. E cante: Kris...

A ROSA E A AREIA

I O que é possível à palavra Se teu corpo escreve: A boca, o beijo O olhar, o desejo E o que assinala? Aquele que veio Para tentar o poema (O falso definitivo E o que não há no verbo). Assim, saberei acertar e errar - Isso que chamas poesia. II Tua cintura não tem neve, Tem o verão A se abrir ou fechar No botão Meu canto por ti É essa chama: O brilho do beijo Que te circunda a saliva A  prata menos amarga No teu umbigo 12.04.19 Benilton Cruz

MALLARMÉ, AO MEU LADO

   Às vezes, o melhor é o branco da página. Não o verso, e muito menos a palavra. Ela, o meu Hades e a minha Eurídice. Homero, Safo e Virgílio são meus inimigos. A poesia é um lance de dados: Um dardo cujo lado falso Mostra sete vezes sete O braço do  vazio    - Esse espaço.     12.04.19     Benilton Cruz

O ABRANDAR DAS FERAS, ORFEU

A palavra é o começo,  A palavra é o fim. Escrever é dar sentidos, Ao sentido que é assim: Nomear espelhos, Arranhar o musgo, Combinar a chave: O caminho do Hades que é descer O caminho do Hades que é subir. A combinação provável É um som agradável apenas, Ao inventar analogias. Para conhecer o que acabamos de: "Amar, fazer, destruir". SOBRE UM FRAGMENTO ATRIBUÍDO A ORFEU Dizer, como a música não disse. Cantar, como o silêncio não cantou. Amar, como os deuses não amaram. SEGUNDO FRAGMENTO ATRIBUÍDO A ORFEU O olhar não olha para trás É o pensamento o culpado Os deuses foram pegos de surpresa. Pensar é desafiar a luz e a sombra É amar o que não se vê. PALAVRAS DENTRO DA NOITE A morte existe para que lembres que no começo estão as ervas e o musgo. Para que lembres que o nada é ainda superior às coisas que imaginaste. Foi da morte que veio o caminho mais suave. Foi da morte que veio o canto de Orfeu. Foi d...

ABRE CAMINHO, OGUM!

Abre o caminho, Ogum Abre o caminho, meu pai Abre o caminho, Ogum Abre o caminho, meu pai Ogum, Onirê Ogum, Alakarô Senhor da Guerra, Ogum Senhor do Ferro, Ogum O primeiro a vir à Terra E na Terra não pode morrer! Civilizador, Ogum Forjador, Ogum Sete instrumentos, Ogum Vencer a Natureza, Ogum! Senhor das estradas, Ogum Orixá ferreiro, Ogum Vencedor das Demandas, Ogum E quem vem à frente é Ogum! E quem vem à frente é Ogum E quem vem à frente é Ogum E quem vem à frente é Ogum! Benilton Cruz 30.03.2019

DOM QUIXOTE FOI O PRIMEIRO PROTAGONISTA LEITOR

                                                                        Benilton Cruz [1]                                                                  Loucura é o mesmo que sabedoria                                                                  ...