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Mostrando postagens de agosto, 2018

À Sylvia Plath

A noite com flauta sorri o teu último abandono, Sylvia, escrever, escreverei a tua melancolia brinda com água, com sal e pedra - a este mar que vem do coração e diz: não Aprendo a existir agora, Quando a lua nova rebrilha lá fora e a tua única palavra é: solidão

O CAMINHO QUE ESCOLHESTE É A TUA VERDADE

O caminho que escolheste é a tua verdade, é a tua senda, tua escolha, tua alma, teu destino, porque no fundo não existe o atalho que te ensinaram.  O teu caminho é a tua verdade.  E como foste tu que o escolheste, por isso sentes a solidão da escolha como a aposta do adiante que te espera. E o que olhas ao teu redor é teu e também está só, na solidão não necessariamente do que é teu, mas da solidão de todos e de cada um, na solidão do ser e da escolha. Não esqueça: o espírito nunca é solitário, ele é solidário e te convida a ir mais adiante, e esse adiante curiosamente que és tu mesmo, o tu que precisa ainda ser desbravado, essa tua sede que é maior, por isso nada te sacia e ainda te sentes dentro de um ciclo que não te deixa seguir ou subir e quase sempre te impele retornar. Pensando nisso, resolvi te fazer lembrar de três leis para o teu autodesbravamento: A primeira lei a seguir é a da natureza, a que tudo transforma: a semente vira árvore, o olho d´água vira ...

GLOSSÁRIO DE BORIS GROYS

   A sequência abaixo foi o resultado de quatro conversas de Boris Groys com Thomas Knöfel, no livro “Política da Imortalidade”, da editora Hanser (Munique 2002). Eu traduzi diretamente da página do filósofo.  Aliás, ainda estou revendo o original e, anexo, ainda traduzo, em busca do melhor acorde, afinal texto é texto não se termina, se abandona.  Nascido na então Berlim oriental, estudou Filosofia e Matemática, ele foi professor de Estética na Alemanha e atualmente leciona em Nova Iorque.  É, resumidamente, crítico de arte, teórico da mídia, e um importante pensador daquilo que ele chama de a Era do Terror.  Seu pensamento concentra-se na questão bem atual da produção de imagens - isso que hoje, aliás, graças à tecnologia - todos querem fabricar imagens ao invés de admirá-las.   Trabalho . Quando pensamos nesses milhares de anos e pensamos nas milhares de pessoas que pintaram algo ou escreveram,... tudo isso porém pode ser só lixo...

PAUL VALÉRY NA ESCOLA NORMAL

                                                                                                                                                                  Texto de Walter Benjamin  ...

ALGUMAS PASSAGENS DO ESTILO VIAJANTE DE OSWALD DE ANDRADE

MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR, (1924). Fragmento 27 “[...] E minha mãe entre médicos num leito de crise decidiu meu apressado conhecimento viajeiro do mundo.” Fragmento 31 “A costa brasileira depois de um pulo de farol sumiu como um peixe. O mar era um oleado azul. O sol afogado queimava arranha-céus de nuvens [...]”. Fragmento 33. “A tarde tardava, estendia-se nas cadeiras, ocultava-se no tombadilho quieto, cucava te uma escada de piano acordar o navio [...]”. Fragmento 34. “Apitos na cabina estranha estoparam o Marta na madrugada. No Cosmorama do leito duas linhas de luzes marcavam a flutuação de Santa Cruz de Tenerife [...]”. Fragmento 104.   “CARTÃO POSTAL” “De passeio em Porto-Fino na Itália, de barca a gasolina, saúdo-vos. Nair.” SERAFIM PONTE GRANDE, (1933) “O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus” (p. 47) “Benedito Carlindoga, meu chefe na Escarradeira (vulgo Repartição Federal de Sa...

METADE PÁSSARO, METADE MURILO

Era um Texto de Consulta, uma folha de rosto, uma orelha, um corpo de páginas, um miolo – e uma palavra que Nasce Fere Mata Coisa Ressuscita. Caramba, quem tocar neste homem toca num livro, um livro chamado Murilo.                Benilton Cruz Era assim que conhecíamos um poeta na biblioteca, pelo "livro de consulta", aquele exemplar único das prateleiras de poesia, no caso específico, eu consultava na biblioteca da UFPA ou a do Centur, no centro de Belém. Consulta aqui é ambivalente: pesquisa que não pode sair do recinto. E claro, coloquei nos meus versos uma intertextualidade, uma quase citação de um dos poemas de Murilo Mendes que fala justamente da palavra e seu teor quase que teológico de reavivar (como a poesia) a própria palavra. Murilo é um corpo que se toma como palavra.