Pular para o conteúdo principal

GLOSSÁRIO DE BORIS GROYS


  
A sequência abaixo foi o resultado de quatro conversas de Boris Groys com Thomas Knöfel, no livro “Política da Imortalidade”, da editora Hanser (Munique 2002). Eu traduzi diretamente da página do filósofo. Aliás, ainda estou revendo o original e, anexo, ainda traduzo, em busca do melhor acorde, afinal texto é texto não se termina, se abandona. 
Nascido na então Berlim oriental, estudou Filosofia e Matemática, ele foi professor de Estética na Alemanha e atualmente leciona em Nova Iorque. É, resumidamente, crítico de arte, teórico da mídia, e um importante pensador daquilo que ele chama de a Era do Terror. Seu pensamento concentra-se na questão bem atual da produção de imagens - isso que hoje, aliás, graças à tecnologia - todos querem fabricar imagens ao invés de admirá-las.  


Resultado de imagem para Boris Groys



Trabalho. Quando pensamos nesses milhares de anos e pensamos nas milhares de pessoas que pintaram algo ou escreveram,... tudo isso porém pode ser só lixo e bobagem. Porque todas estas coisas são o produto de trabalho. E tudo que é produto de um trabalho é, por si só, completamente desvalorizado pela própria obra. Há este sonho divino simples: criar, sem se cansar; como Deus fez. Talvez também Andy Warhol sonhou com isto. Isso é o sonho eterno do ser humano. Pode-se descrever isto, porém, na verdade, a sorte é fazê-lo.   

Arbeit. Wenn man an diese Tausende von Jahren denkt und an die Tausende von Menschen, die etwas gemalt haben oder geschrieben ... das alles ist doch nur Müll und Unsinn. Denn alle diese Dinge sind das Produkt von Arbeit. Und alles, was Produkt einer Arbeit ist, ist allein dadurch völlig entwertet. Es gibt einfach diesen göttlichen Traum: zu kreieren, ohne sich anzustrengen; wie Gott es getan hat. Vielleicht hat auch Andy Warhol davon geträumt. Das ist der ewige Traum des Menschen. Man kann dies beschreiben, doch das eigentliche Glück besteht darin, es zu tun.
   
Arquivo. Os arquivos, os museus são as áreas de comparação nas quais outra neutralidade, outra homogeneidade prevalecem - uma neutralidade e uma homogeneidade da imortalidade. Nos arquivos são colecionadas coisas, as quais se admitem, sobre as quais se pensam: estas coisas não deveriam passar, elas deveriam durar, elas deveriam ser salvas da morte, elas não podem partilhar do destino de todas as coisas. Daí se origina primeiro a possibilidade de se comparar estas coisas entre si, não com outras coisas passageiras que não podem ser comparadas. A decisão - isso também pode ser uma decisão absolutamente pessoal - é atitude só importante a favor da imortalidade de coisas decididas, sentimentos, atitudes. Tal decisão, em primeiro lugar, abre o horizonte disso, do que nós chamamos cultura.   

Archiv. Die Archive, die Museen sind die Vergleichsräume, in denen eine andere Neutralität, eine andere Homogenität herrschen – eine Neutralität und eine Homogenität der Unsterblichkeit. In Archiven werden Dinge gesammelt, zu denen man sich bekennt, von denen man meint: Diese Dinge sollen nicht vergehen, sie sollen dauern, sie sollen vor dem Tod gerettet werden, sie dürfen das Schicksal aller Dinge nicht teilen. Dadurch entsteht erst die Möglichkeit, diese Dinge miteinander zu vergleichen, denn vergängliche Dinge kann man nicht miteinander vergleichen. Wichtig ist allein die Entscheidung - die auch eine durchaus persönliche Entscheidung sein kann - zugunsten der Unsterblichkeit bestimmter Dinge, Gefühle, Attitüden. Eine solche Entscheidung öffnet zuallererst den Horizont dessen, was wir Kultur nennen.

Liberdade.  Ser livre significa viver sem pressão externa, e não precisar se aborrecer com nada. Se eu não fosse forçado pelo externo, acima de tudo pelas circunstâncias econômicas para falar escrever e viajar, eu simplesmente deitaria na cama e nunca mais me levantaria. O que significa, então, ser livre? É lazer! A pessoa não faz nada simplesmente. E a não fazer nada, significa, então, que a pessoa não tem qualquer individualidade, se deixa absorver, se deixa consumir, só desfruta. Dizemos frequentemente hoje: as pessoas de Europa oriental foram libertadas do comunismo. Mas no comunismo, as pessoas tinham mais lazer e então também muito mais liberdade.

Freiheit. Befreit sein heißt, ohne äußeren Zwang zu leben und sich nicht anstrengen zu müssen. Würde ich nicht durch die äußeren, vor allem ökonomisch diktierten Umstände dazu gezwungen zu reden, zu schreiben und zu reisen, würde ich mich einfach ins Bett legen und nie mehr aufstehen. Was heißt es, frei zu sein? Es ist Freizeit! Man tut einfach nichts. Und tut man nichts, dann hat man auch keine Individualität – man rezipiert, konsumiert, genießt nur. Man sagt heute oft: Die Völker Osteuropas wurden vom Kommunismus befreit. Aber im Kommunismus hatte man viel mehr Freizeit und deswegen auch viel mehr Freiheit.    

Genética. Nós somos os museus dos genes. Através da genética, o ser humano transformou-se em um museu ambulante. Se a genética fosse realmente levada a sério, então, isto significa que todos nós estamos mortos desde o princípio, no sentido que o que chega até nós como vivo é uma coleção de genes que nos foram transmitidos por nossos antepassados e que também em nós sobrevive, em constelações novas, sempre entram em contextos novos. Do ponto de vista da genética, somos todos museus sobre duas pernas.   
   
Genetik. Wir sind die Museen der Gene. Durch die Genetik ist der Mensch zu einem wandernden Museum geworden. Wenn die Genetik wirklich ernst genommen werden soll, dann bedeutet das, dass wir alle von Anfang an tot sind in dem Sinne, dass das, was uns als Lebendige ausmacht, eine Sammlung von Genen ist, die uns von unseren Vorfahren vererbt wurden, und die uns auch überdauern, um in immer neue Konstellationen, in immer neue Kontexte einzutreten. Vom Standpunkt der Genetik aus sind wir alle Museen auf zwei Beinen.

Individualidade. Individualidade tem algo a ver com trabalho e produção. Eu me faço a pergunta de minha individualidade, depois de minha identidade só então, se eu produzir, me vendo, me exporto. Fico com a recepção, então, não preciso ter alguma individualidade; não importa, o que eu sou, contanto que eu consuma.   

Individualität. Individualität hat etwas mit Arbeit und Produktion zu tun. Ich stelle mir die Frage nach meiner Individualität, nach meiner Identität erst dann, wenn ich produziere, mich verkaufe, mich exportiere. Bleibe ich bei der Rezeption, dann brauche ich keine Individualität zu haben; es ist egal, was ich bin, solange ich konsumiere.

Inovação. É negligenciado frequentemente que eu quebre as regras onde eu quero produzir o novo, o incomum, o inovador, o inesperado, o espontâneo, o autêntico ou o que quer que seja. Precisamente neste momento, eu sou no máximo as regras da tradição fortemente servil porque é exatamente que demanda esta tradição em mim.   

Innovation. Es wird oft übersehen, dass ich mich den Regeln am meisten dort unterwerfe, wo ich das Neue, Ungewöhnliche, Innovative, Unerwartete, Spontane, das Authentische oder was auch immer produzieren will. Gerade an diesem Punkt bin ich den Regeln der Tradition am stärksten unterworfen, weil es genau das ist, was diese Tradition von mir fordert.

Comunismo. O comunismo na verdade foi o reino da liberdade. Agora, ele desmoronou. Por quê? Porque esta liberdade não foi aplicada. Ela foi traduzida no idioma dos eventos econômicos: simplesmente para a ineficiência econômica. Optou-se a favor da coerção econômica e contra a liberdade política. As pessoas se deixaram se submeter as essas restrições e nos sacrificamos a elas; - este é o componente libidinal. Não é nenhuma pura subjugação debaixo de uma força exterior, também é uma paixão, uma combinação de força e de amor, o que tipicamente é para o funcionamento do inconsciente. E isto significa a queda do estado, das políticas, do assunto político e acima de tudo significa a decadência da cultura em todas as suas formas proeminentes.

Kommunismus. Der Kommunismus war tatsächlich das Reich der Freiheit. Nun ist er untergegangen. Warum? Weil diese Freiheit sich nicht durchsetzen ließ. Sie wurde übersetzt in die Sprache des ökonomischen Geschehens: einfach zur ökonomischen Ineffizienz. Man hat sich für den ökonomischen Zwang und gegen die politische Freiheit entschieden. Man hat sich diesen Zwängen unterworfen, und zwar mit Liebe. Man hat sich in diese Zwänge verliebt und sich ihnen hingegeben; das ist die libidinöse Komponente. Es ist keine reine Unterwerfung unter einen äußeren Zwang, es ist auch eine Verliebtheit, eine Kombination aus Zwang und Liebe, die typisch ist für das Funktionieren des Unbewussten. Und das bedeutet den Untergang des Staates, der Politik, des politischen Subjekts und überhaupt den Untergang der Kultur in allen uns bekannten Formationen.

Cultura & violência 1. Se falamos sobre a violência, então não falamos sobre algo que se encontra fora da cultura e a cultura pode possivelmente explodir e ameaçar. Muito mais é a própria cultura, uma forma da aplicação de força no nome da imortalidade. Porém, isto também significa que eu, se eu admito uma coisa que ganha minha convicção depois de imortalidade, uma certa violência precisa ser aplicada no sistema com o Estado ou contra o Estado para obter uma duração por esta coisa.   

Kultur & Gewalt 1. Wenn man über die Gewalt spricht, dann spricht man nicht über etwas, das sich außerhalb der Kultur befindet und die Kultur möglicherweise sprengen oder bedrängen kann. Vielmehr ist die Kultur selbst eine Form der Gewaltanwendung im Namen der Unsterblichkeit. Das bedeutet aber auch, dass ich, wenn ich mich zu einem Ding bekenne, das meiner Überzeugung nach Unsterblichkeit verdient, eine gewisse Gewalt anwenden muss im Verbund mit dem Staat oder gegen den Staat, um diesem Ding eine Dauer zu verschaffen.

Cultura & violência 2. a individualidade de um artista está definida pelas regras impostas, a qual a sua arte segue. E quanto mais estrita estas regras são, mais forte é a individualidade da arte assumida. Se um artista quiser se livrar de todas as regras, significa que ele não descobre a sua individualidade, e assim ele a perde. Há com a Individuação uma dimensão da violência, a subjugação debaixo de um certo método.

Kultur & Gewalt 2. Die Individualität eines Künstlers wird durch die selbst auferlegten Regeln definiert, denen seine Kunst folgt. Und je strenger diese Regeln sind, desto stärker ist die Individualität seiner Kunst ausgeprägt. Wenn ein Künstler sich von allen Regeln befreien will, dann entdeckt er seine Individualität nicht, sondern er verliert sie. Es gibt bei der Individuation eine Dimension der Gewalt, die Unterwerfung unter eine bestimmte Methode.

Tempo de Vida. O que é a vida? É com certeza um lidar com o tempo. Nós temos um certo Quantum de tempo de vida, e nós usamos este tempo por ocupações diferentes. E uma ocupação não é melhor que a outra. Nós podemos viajar, cuidar do jardim ou correr por cem metros ou filosofar ou pensar sobre nosso funeral.

Lebenszeit. Was ist das Leben überhaupt? Es ist ein bestimmter Umgang mit der Zeit. Wir haben ein bestimmtes Quantum an Lebenszeit, und wir verwenden diese Zeit für unterschiedliche Beschäftigungen. Und eine Beschäftigung ist nicht besser als die andere. Wir können in dieser Zeit reisen, den Garten pflegen oder hundert Meter laufen oder Philosophie praktizieren oder über unser Begräbnis nachdenken.

Encarnação. Meu desenvolvimento de ser humano não acontece em mim mas no contexto, na comparação entre eu e outras pessoas. Como eu moldo o contexto em qual comparação eu me coloco, depende disto, e não como me pareço ou como sou para alguma coisa.   

Menschwerdung. Mein Menschwerden geschieht nicht in mir, sondern im Kontext, im Vergleich zwischen mir und anderen Menschen. Wie ich den Kontext gestalte, in welchen Vergleich ich mich stelle, darauf kommt es an, und nicht, wie ich aussehe und was für ein Ding ich bin.

Metafísica. Não podemos criar do mundo, realmente, a metafísica, porque um tal ato de supressão da metafísica é, até mesmo um por um, um gesto metafísico. Toda a história da metafísica assenta-se, basicamente, somente a partir de tais atos de competição metafísicas. A metafísica historicamente funciona como crítica das metafísicas. Nisto de novamente criticar a metafísica, sua supressão, sua força de vontade para mantê-la, enriquece-se tão somente os arquivos da metafísica - e endurece as subordinações metafísicas que estes arquivos carregam.   

Metaphysik. Man kann die Metaphysik nicht wirklich aus der Welt schaffen, denn ein solcher Akt der Abschaffung der Metaphysik ist selbst ein durch und durch metaphysischer Gestus – die ganze Geschichte der Metaphysik besteht im Grunde nur aus solchen Akten der Metaphysikbekämpfung. Die Metaphysik funktioniert geschichtlich als Kritik der Metaphysik. Indem man die Metaphysik wieder einmal kritisiert, ihre Abschaffung anstrebt, ihre Überwindung fordert, bereichert man also nur die Archive der Metaphysik – und verfestigt die metaphysischen Unterstellungen, die diese Archive tragen.

Museu. O museu moderno não é uma igreja para almas mas para corpos, para coisas. Também para pessoas, mas somente enquanto elas forem coisas.

Museum. Das moderne Museum ist eine Kirche nicht für Seelen, sondern für Körper, für Dinge. Auch für Menschen, aber nur soweit sie Dinge sind.

O novo. O novo não significa a superação do antigo. E também não a renúncia do antigo. Onde o velho seja superado, não podemos mais reconhecer o novo, porque o novo se mostra na comparação com o antigo. Donde vem a pressão pelo novo? Porque me é proibido pelo arquivo da filosofia fazer o antigo, quer dizer, ferir os direitos dos outros autores sobre o já dito.

Das Neue. Das Neue bedeutet nicht die Überwindung des Alten. Und auch nicht die Lossagung vom Alten. Wo das Alte überwunden wird, können wir das Neue nicht mehr erkennen, denn das Neue zeigt sich im Vergleich mit dem Alten. Woher kommt der Drang nach dem Neuen? Weil es mir durch das Archiv der Philosophie verboten ist, das Alte zu tun, das heißt die Rechte der anderen Autoren auf das schon Gesagte zu verletzen.

O filósofo e os artistas. O filósofo é, também como o artista, não alguém, que vê, mas alguém que mostra.   

Philosoph und Künstler. Der Philosoph ist, wie auch der Künstler, nicht jemand, der sieht, sondern jemand, der zeigt.

Política da imortalidade. Quem acredita em Deus, o espírito do mundo, o Ser, o inconsciente, ou qualquer outro absoluto, este não precisa, seguramente, desenvolver discursos filosóficos ou criar artes para serem postas à duração.  Nisso reina sozinha a garantia ontológica, da qual confiamos, que ela ponha termos a todas as coisas também sem uma intervenção ao declínio. Porém, quem é inclinado ao ceticismo com referência à garantia ontológica da imortalidade e não obstante opta para a imortalidade, começa a praticar a política da imortalidade ou pelo menos a política de longa duração. Começa a levar ao cuidado disto este discurso - e são também os discursos sobre Deus ou sobre o inconsciente - se torna estrategicamente posicionado, torna-se adquirido, e é ancorado institucionalmente.   

Politik der Unsterblichkeit. Wer an Gott, den Weltgeist, das Sein, das Unbewusste oder etwa an den absolut Anderen glaubt, der braucht sicherlich nicht philosophische Diskurse zu entwickeln oder Kunstwerke zu schaffen, die für die Dauer angelegt sind. Dann reicht die ontologische Garantie allein, der man vertraut, dass sie auch ohne eine Intervention dem Untergang aller Dinge Einhalt gebietet. Wer aber in Bezug auf die ontologische Garantie der Unsterblichkeit zum Skeptizismus neigt und trotzdem für die Unsterblichkeit optiert, der beginnt, die Politik der Unsterblichkeit oder zumindest die Politik der langen Dauer zu praktizieren. Er beginnt dafür zu sorgen, dass bestimmte Diskurse – und seien es auch die Diskurse über Gott oder das Unbewusste – strategisch positioniert werden, erhalten werden, institutionell verankert werden.

Sansara iguala-se ao nirvana. Tudo que é parte do Sansara, então tudo que nos atormenta e faz mal,- isso tudo, sem toda compensação e alteração, também pode nos fazer feliz. Temos que ter a escolha certa: o ponto de vista e o contexto da contemplação.
   
Sansara gleich Nirwana. Alles, was Teil des Sansara ist, also alles, was uns quält und schlecht gelaunt macht – das alles, ohne jede Kompensation und Änderung, kann uns auch glücklich machen. Man muss nur den Gesichtspunkt und den Kontext der Betrachtung richtig wählen.

O Stalin e Hitler. Stalin e Hitler mostraram para nós que as hierarquias não servem a nada, que podemos destruir e falsificar tudo, à semelhança de contos de fadas que reescrevem os escripts, como se quer, e sem se fazer perceber. Assim, foi inoculado em nós uma irreverência absoluta e desprezo pela cultura. Sabemos que a história inteira pode ser mudada a qualquer hora em lixo - a cultura inteira é uma grande pilha de lixo. Sem este conhecimento, sem esta experiência totalitária, não teria sido possível o pós-moderno

Stalin und Hitler. Stalin und Hitler haben uns gezeigt, dass die Hierarchien nichts taugen, dass man alles zerstören und falsifizieren kann, Märchen erzählen jeglicher Art, die Programme umschreiben, wie man will, und niemand merkt etwas. So wurde uns allen eine absolute Respektlosigkeit und Verachtung für die Kultur eingeimpft. Wir wissen, dass die ganze Geschichte jederzeit in Müll verwandelt werden kann - die ganze Kultur ist ein großer Müllhaufen. Ohne dieses Wissen, ohne diese totalitäre Erfahrung wäre die sogenannte Postmoderne nicht möglich gewesen.
   
Estratégia e esperança. Tudo o que é estrategicamente pretendido e planejado é um fundamento da esperança. Porém simultaneamente também para a decepção e desespero. Só a noção de uma chance além de todas as estratégias nos traz a fazer algo. Caso contrário, o todo não faz sentido. 
  
Strategie und Hoffnung. Alles, was strategisch gedacht und geplant wird, ist ein Grund der Hoffnung – aber gleichzeitig auch zur Enttäuschung und Verzweiflung. Nur die Ahnung einer Chance jenseits aller Strategien bringt uns dazu, überhaupt irgend etwas zu tun. Ansonsten ergibt das Ganze keinen Sinn.

Subjetividade. Minha subjetividade não se estabelece em uma autoconfiança, mas em uma suspeita por parte do outro, que eu sou então um sujeito e por isso posso e devo carregar a responsabilidade por mim mesmo. Então, também é impossível refletir por si mesmo. Não é assim  que em minha alma há lugares escuros como Pulsão ou Trauma que não podem ser iluminados suficientemente por mim. Minha alma é muito mais, meu “eu" é desde o princípio somente uma sugestão do outro e não pode, por isso, ser experimentado"interiormente"  por mim mesmo.

Subjektivität. Meine Subjektivität gründet nicht in einem Selbstbewusstsein, sondern in einem Verdacht seitens der anderen, dass ich ein Subjekt bin und deswegen die Verantwortung für mich selbst tragen kann und soll. Deswegen ist es auch unmöglich, sich selbst zu reflektieren. Es ist nicht so, dass es in meiner Seele dunkle Stellen gibt wie Triebe oder Traumata, die von mir selbst nicht genügend beleuchtet werden können. Vielmehr ist meine Seele, mein "Ich" von Anfang an bloß eine Unterstellung seitens der anderen und kann deswegen von mir selbst nicht "innerlich" erfahren werden.

Competição com os mortos. Tudo o que é vivo é passageiro. Este conhecimento por si só basta, para particularmente não ser impressionado. Os mortos são um assunto muito mais sério para nós, porque eles estão em outro lado, Graças a Deus, mortos, mas no outro lado, eles nos provocam ainda. Como filósofos ou artistas, nos levantamos nós acima de tudo em uma competição com os mortos. Essencialmente, queremos que Hegel ou Kant  nos lessem e dissessem: Eu não havia pensado nisso, como você fez isto?. Nossos leitores atuais são os mortos. Até mesmo se nós pensarmos ter superado Platão ou Kant, realmente nós não os eliminamos.

Wettbewerb mit den Toten. Alles Lebendige ist vergänglich. Dieses Wissen allein genügt, um nicht besonders beeindruckt zu sein. Die Toten sind eine viel ernstere Angelegenheit für uns, denn auf der einen Seite sind sie, Gott sei Dank, tot, aber auf der anderen Seite gehen sie uns immer weiter auf die Nerven. Als Philosophen oder Künstler stehen wir vor allem in einem Wettbewerb mit den Toten. Im Grunde wollen wir, dass Hegel oder Kant uns lesen und sagen: Auf diese Idee bin ich nicht gekommen, wie wunderbar hast Du das gemacht. Unsere eigentlichen Leser sind die Toten. Auch wenn wir meinen, Platon oder Kant überwunden zu haben, wirklich beseitigen können wir sie nicht.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UM DIA DE FESTAS - POR ADALBERTO MOURA NETO

Recital em frente à casa onde nasceu o poeta Antônio Tavernard, em Icoaraci. Hoje se concretiza o sonho de reerguer este espaço como a merecida Casa do Poeta, na visão de Adalberto Neto e endossado pelo autor do livro Moços & Poetas. Publico hoje, na íntegra um artigo de um grande agitador cultural de Belém, em especial de Icoaraci. Trata-se de um relato sobre uma justa homenagem àquele que é considerado como um dos maiores poetas paraenses: Antônio Tavernard.  O que me motiva esta postagem - e foi a meu pedido - é que a memória cultural do nosso estado vem de pessoas que fazem isso de forma espontânea. O Adalberto Neto é aquele leitor voraz e já um especialista no Poeta da Vila - e isso é o mais importante: ler a obra de Tavernard é encontrar: religiosidade, Amazônia, lirismo, musicalidade romântico-simbolista, um tom épico em seus poemas "em construção" e um exímio sonetista, e eu diria: Tavernard faz do soneto um minirromance.  Fico feliz pelo Adalberto Neto, o autor d...

AO CORAÇÃO DO MAESTRO (PEQUENA CRÔNICA PÓETICA)

O coração do poeta encontrou o coração do maestro em outubro de 2023 e desde então conversavam como se fossem dois parentes que fizeram uma longa viagem a rumos diferentes e que se reencontravam de repente. O coração do maestro ensinava; o coração do poeta ouvia. Quem ensina é o coração; quem aprende é também o coração. Dois irmãos. - Um coração para duas mentes diferentes. O coração do maestro regia as histórias, as lendas, os mitos, a ópera, a música; o coração do poeta dizia: sonho com o verso, o certeiro acorde, do maestro como ópera e como canção, como rima, como melodia, como ode. E alegria. Era muita cultura, para muito mais coração. Era quase todo dia, um projeto, uma ideia, uma música, um hino, o coração do poeta escrevia: "Homens livres e de bons costumes/ irmãos do espírito das letras/ levantai a cantar a Glória do Arquiteto Criador/ Homens Livres e de bons costumes/ Irmãos do espírito das Letras/ Aprumai a voz ao coração/ que a pena é mais forte que o canhão/ Às Letras...

A ORIGEM DO FOGO — LENDA KAMAYURÁ

    Lenda colhida pelos irmãos Villas Boas. Posto Capitão Vasconcelos à margem do arroio Tuatuari, em 16/06/1955.    Na Amazônia, todos os povos indígenas têm lendas sobre a origem do fogo. Elas diferem entre as etnias, embora o processo seja o mesmo: uma flecha partida em pedaços e uma haste de urucum.  Das lendas que ouvimos sobre a origem do fogo, a que mais nos pareceu interessante foi a narrada por um velho Kamayurá.                                                     “Canassa — figura lendária, caminhava no campo margeando uma grande lagoa. Tinha a mão fechada e dentro, um vaga-lume. Cansado da caminhada, resolveu dormir. Abriu a mão, tirou o vaga-lume e pôs no chão. Como tinha frio, acocorou-se para aquecer à luz do vaga-lume. Nisso surgiu, vindo da lagoa, uma saracura que lhe disse: ...