Pular para o conteúdo principal

168 ANOS DE TOLERÂNCIA: O LEGADO DA HARMONIA N°8

Uma das lojas maçônicas mais antigas do Pará completou na última sexta-feira dia 28 de março de 2025 cento e sessenta e oito anos de existência.


Com base em sua conta no Instagram, a nobre loja Harmonia n° 8 têm em sua origem de duas lojas lusitanas homônimas e em seu currículo a presença de renomadas figuras históricas do Estado do Pará como o Padre Eutíquio, o visconde Souza Franco e o Dr. Gama Malcher e por que não dizer tantos outros irmãos que fizeram e fazem da maçonaria o atributo divino de fraternidade, força e caridade.


Uma curiosidade conhecida praticamente a todos os maçons paraenses, e bastante divulgada pelo historiador e maçonólogo Elson Monteiro, é a história de que o Padre Eutíquio teria sido enviado à Maçonaria como espião pela Igreja! 


Só que o efeito foi justamente o contrário: o padre que hoje é nome da rua que atravessa toda a cidade de Belém do Pará, a Travessa Padre Eutíquio, gostou tanto da Maçonaria que nunca mais deixou a Ordem.


Foi um verdadeiro exemplo e aula de tolerância para com a relação Igreja e Maçonaria.


E esse é a meu ver o maior legado da Harmonia n° 8, talvez a sua maior missão: a de levar a toda a sociedade paraense que Maçonaria e Igreja podem viver em fraternidade e união, afinal para a Maçonaria uma de nossas tarefas é tornar feliz a humanidade.


O legado da Harmonia n ° 8 é justamente esse: celebrar a verdadeira mensagem do Cristo-Carpinteiro que é formar homens livres & de bons costumes, integrado à família e praticando a o Amor ao póximo que é outra maneira de dizer caridade - e caridade é também fazer um irmão feliz, promovendo uma justa & perfeita celebração em família, na presença de irmãos de outras lojas, de outra potências e inclusive com membros-irmãos da Acadedemia Maçônica de Letras do Estado do Pará, a jovem e aguerrida AMALEP.


Fatos como esse contribuem para desmistitificar o sentido da Maçonaria, que é lugar da prática de autoconhecimento e fraternidade.


Prática de felicidade.


O Padre Eutíquio, assim como qualquer outro, padre ou diácono que passou ou são (e há muitos casos) membros da Maçonaria sabem que ali não é religião, muito menos uma seita que vai concorrer com a Igreja.


Maçonaria é uma escola de filosofia, salutar egrégora que busca decifrar o lugar do homem no universo e perante a Deus, por isso o seu sentimento basilar é o da tolerância.


Maçonaria é lugar da prática ecumênica: todos que acreditam em Deus são irmãos.


Quero aqui tornar pública minha admiração à Harmonia n ° 8 e seus integrantes, um corpo sólido de irmãos que realmente entenderam o sentido histórico da loja em agregar e não em dispersar, principalmente no que tange à missão de anular preconceitos e estimular a integração ao real ensinamento maçônico que é a universalidade da fraternidade.


A Maçonaria está em toda parte porque é fraternal.


E assim, a Harmonia n ° 8 está em boas mãos, sob o cuidadoso veneralato do irmão Marcio Adriano Cavalcante com toda a sua família envolvida - o que faz jus deveras ao preceito maçônico por excelência o de de servir à humanidade, sem distinção de credo e raça - a unidade com o Grande Arquiteto do Universo restaurada.


Egrégora em Harmonia.


Harmonia n° 8.


Meus parabéns vai em forma de um poema-acróstico, já divulgado nas redes sociais.







Benilton Cruz - membro da James Anderson 101, Secretário da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará, AMALEP, cadeira n °11, patrono Mario de Andrade, professor do Curso de Letras da UFRA.


Comentários

  1. Obrigado meu querido irmão pelo lindo texto. A Loja H8 agradece a deferência e ressalta os valores defendidos pela nossa sublime instituição, dentre eles o estreitamento dos laços que nos unem como verdadeiros irmãos. T.F.A

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelo maravilhosa texto, meu querido irmão. A H8 agradece a linda homenagem

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

UM DIA DE FESTAS - POR ADALBERTO MOURA NETO

Recital em frente à casa onde nasceu o poeta Antônio Tavernard, em Icoaraci. Hoje se concretiza o sonho de reerguer este espaço como a merecida Casa do Poeta, na visão de Adalberto Neto e endossado pelo autor do livro Moços & Poetas. Publico hoje, na íntegra um artigo de um grande agitador cultural de Belém, em especial de Icoaraci. Trata-se de um relato sobre uma justa homenagem àquele que é considerado como um dos maiores poetas paraenses: Antônio Tavernard.  O que me motiva esta postagem - e foi a meu pedido - é que a memória cultural do nosso estado vem de pessoas que fazem isso de forma espontânea. O Adalberto Neto é aquele leitor voraz e já um especialista no Poeta da Vila - e isso é o mais importante: ler a obra de Tavernard é encontrar: religiosidade, Amazônia, lirismo, musicalidade romântico-simbolista, um tom épico em seus poemas "em construção" e um exímio sonetista, e eu diria: Tavernard faz do soneto um minirromance.  Fico feliz pelo Adalberto Neto, o autor d...

AO CORAÇÃO DO MAESTRO (PEQUENA CRÔNICA PÓETICA)

O coração do poeta encontrou o coração do maestro em outubro de 2023 e desde então conversavam como se fossem dois parentes que fizeram uma longa viagem a rumos diferentes e que se reencontravam de repente. O coração do maestro ensinava; o coração do poeta ouvia. Quem ensina é o coração; quem aprende é também o coração. Dois irmãos. - Um coração para duas mentes diferentes. O coração do maestro regia as histórias, as lendas, os mitos, a ópera, a música; o coração do poeta dizia: sonho com o verso, o certeiro acorde, do maestro como ópera e como canção, como rima, como melodia, como ode. E alegria. Era muita cultura, para muito mais coração. Era quase todo dia, um projeto, uma ideia, uma música, um hino, o coração do poeta escrevia: "Homens livres e de bons costumes/ irmãos do espírito das letras/ levantai a cantar a Glória do Arquiteto Criador/ Homens Livres e de bons costumes/ Irmãos do espírito das Letras/ Aprumai a voz ao coração/ que a pena é mais forte que o canhão/ Às Letras...

A ORIGEM DO FOGO — LENDA KAMAYURÁ

    Lenda colhida pelos irmãos Villas Boas. Posto Capitão Vasconcelos à margem do arroio Tuatuari, em 16/06/1955.    Na Amazônia, todos os povos indígenas têm lendas sobre a origem do fogo. Elas diferem entre as etnias, embora o processo seja o mesmo: uma flecha partida em pedaços e uma haste de urucum.  Das lendas que ouvimos sobre a origem do fogo, a que mais nos pareceu interessante foi a narrada por um velho Kamayurá.                                                     “Canassa — figura lendária, caminhava no campo margeando uma grande lagoa. Tinha a mão fechada e dentro, um vaga-lume. Cansado da caminhada, resolveu dormir. Abriu a mão, tirou o vaga-lume e pôs no chão. Como tinha frio, acocorou-se para aquecer à luz do vaga-lume. Nisso surgiu, vindo da lagoa, uma saracura que lhe disse: ...