Benilton Cruz Os mitos constituem crenças e tornam-se padrões reguladores do que pode ser educado, protegido, rememorado, projetado e temido. Circulam de boca em boca, e vivos delimitam territórios, nações, culturas, linguagens. Mitos têm horários certos para serem contados. Correto ainda é considerá-los dentro dos meandros da oralidade, como primeira prática verbal da comunidade em sua identidade linguística. Mitos modelam a linguagem, a mente, a noção do certo, do errado dos limites. São formas das tradições passadas para moldarem as gerações futuras como aprendizagem e fundamento de princípios reguladores da vida. Mito e linguagem modelam-se. Os mitos elevam ao sagrado a língua e sua capacidade de discernir o mistério. Liberdade e a ousadia são cúmplices de uma mesma palavra: revelação. O mito não se diz; revela-se. Assim têm eles os seus horários para acontecer. Não é a qualquer hora que o espírito está receptivo ao que é para o ouvir e o...