Um dos pontos fortes do romance Tempestade do Além, do médium-escritor Dr. Claudio Guilhom, é a saga do personagem Césare, que nos chama a atenção por transitar sempre entre dois mundos: o seu potencial de criação para o bem ou para o mal; a dualidade de seguir o ideal de liberdade e democracia ou amealhar-se ao partido fascita de Benito Mussoline, ou a constatação de que a caridade pode estar mesmo acima de qualquer feito científico.
O romance, com trejeito de novela, uma vez que lida com o destino de vários personagens, encontra sua unidade romanesca justamente ao colocar o tema da caridade como uma saída à questão que envolve o grupo de cientistas em torno da fórmula da bomba atômica, decisiva às potências envolvidas na Segunda Guerra Mundial.
A trama se dá ainda na Itália, padecendo com os males da Segunda Guerra Mundial: familiares de Césare sentindo o impacto de no mínimo duas situações dramáticas: migrar ao Brasil ao mesmo tempo que têm que acompanhar o estranho rapto de Césare para URSS onde seria forçado a entregar a fórmula da bomba letal em troca de sua liberdade.
O romance assim coloca em evidência os malefícios do cientista ao trabalho forçado - usar seus conhecimentos para a ciência da morte. E interessante que o enredo se deixa permear pela presença de entidades espirituais evoluídas a ponto de orientarem as personagens (e o leitor) - e isso que torna o romance evidentemente kardecista - pela sua pedagogia espiritual, ao longo de comentários acerca das decisões que os personagens precisam tomar em um momento crucial a todos: migrar? permanecer na Itália, casar-se? despojar-se de riquzas e seguir a verdade - e que parece única - de Cristo.
O romance resolve a questão colocando a caridade como resposta a todos os problemas acentuados pelo drama histórica da II Guerra Mundial e aqui é válido ler o livro do Dr. Cláudio Guilhom por conta, também, do entendimento acerca do drama da migração forçada que aconteceu a diversos grupos de imigrantes que no Brasil se adaptaram às regiões do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pará, este estado, recebendo os japones que se viam abatidos pelos efeitos de Hiroshima e Nagasaki.
Vale a pena ler o romance, principalmente diante do atual contexto histórico acirrado pelo novamente perigo de um cataclismo nuclear. A perigosa fabricação de armas atômicas no Oriente Médio coloca em xeque o papel do cientista e os riscos que isso implica ao país produtor de tal artefato letal, no caso de perigo até para o Brasil que fornece urânio aos fabricantes que a todo custo querem o urânio enriquecido para fins letais.
Tempestade do Além entra na lista dos grandes livros espíritas que conseguem nos dar uma amostra do que realmente acontececia no coração da Europa, especificamente no eixo Itália e URRS por ocasião da corrida armamentista do pós-guerra, e como se pode ler o drama científico-espiritual de forma mais próxima de quem sabia fazer a bomba atômica mas não conseguia encontrar o caminho de sua salvação enquanto ser humano.
E, como já foi dito anteriormente, em tempo de guerra ou em qualquer momento, é a caridade o que refrigera e alenta de esperança a nossa conflituosa humanidade.
Dr. Claudio Guilhom é autor também de Luzes do Passado (2016), Tramas do Vesúvio (2016), Léguas da Descoberta (2017), Vícios Terrenos (2018), Tormentas Intesas (2019), Brasília Coração de um país (2021) e Lagoa dos Insulados (2021), todos narrados pelo espírito de Rita de Cassia.
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