Fundada por imigrantes açoarianos em torno do forte de São José de Macapá, a capital do estado do Amapá comemora 266 anos neste domingo 04 de fevereiro de 2024.
Dizem que a palavra Macapá deriva de "macabapa" lugar de muitas bacabas, a palmeira abundante na região, e que com o tempo o topônimo preservou a forma atual de Macapá.
O certo é que a capital do Amapá é a guardiã da foz do rio Amazonas, a única do Brasil sem ligação rodoviária com o restante do país.
Foto de Breno Rafael, do Forte de São José de Macapá
E foi um importante morador de Macapá que me apresentou à Etnopoesia.
Fernando Canto, obidense, escritor de Os Periquitos Comem Manga na Avenida, livro de crônicas, que escreveu e publicou enquanto morou em Belém, me deu de presente um artigo de sua autoria sobre Hubert Fichte, o então criador do termo Etnopoesia.
Foi em evento promovido pelo Diretório Acadêmico dos Estudantes, em 1992. No auditório do setorial básico da UFPA.
Eu já havia mostrado ao Fernando Canto uma tradução minha de um conto oral dos esquimós, de uma versão em alemão, - e o ponto de encontro era no Bar do Parque no domingo de feira do artesanato - e ali se reunia também outros poetas e intelectuais, como a Malta de Poetas, e ainda não havia a estátua do Ruy Barata.
E então falávamos da necessidade de conhecermos melhor a nossa oralidade, nossa voz, nossa Amazônia. Foi o Fernando Canto que me alertou: cultura é o local, é a voz, o espaço, os agentes ali envolvidos. E tudo isso devemos respeitar.
Fichte, nos anos de 1980, era uma mistura de romancista e etnólogo alemão, viajante pelo Haiti, Bahia, Maranhão e Pará, autor de "Xangô" (1976), uma espécie de recolha de relatos das falas dos pais de santos, in loco, na busca do pesquisador por aquilo que eu chamo de a palavra real, verdadeira frequência de vibração e cura com o acertado teor poético: a Etnopoesia.
Havia de rever Fernando Canto, convidados por ocasião da Feira Panamericana do Livro do ano de 2012, ele vindo de Macapá e eu de Campinas, onde finalizava meu doutorado, e nos hospedávamos no então hotel Príncipe Regente, na Avenida Governador José Malcher, hoje um sombrio prédio desativado.
Ali conversamos sobre as idas e vindas de quem assume o compromisso com a palavra: ser escritor hoje é sinônimo de pesquisador, etnólogo, viajante, decifrador.
Fernando Canto mora atualmente em Macapá, tem 15 livros publicados além de ser um excelente compositor e poeta.
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