Deixarei registrado hoje o lançamento do meu canal de Vídeo-Poemas com o nome de um de meus poemas: NO MEIO DO TEU CORAÇÃO HÁ UM RIO.
A proposta é, como já está registrado no canal, "divulgar meus livros e poemas publicados na versão impressa e na versão digital. Aqui, você vai encontrar também trechos do meu blog AMAZÔNIA DO BEN, com relatos da minha pesquisa "Amazônia Etnopoesia", além de trechos de ensaios e dos meus artigos que lidam sobre literatura. Também você vai ter indicação de leitura, traduções comentadas, além da crítica literária, priorizando os autores da região amazônica".
Coloco também chamadas em inglês, alemão, espanhol e francês - para que leitores distantes conheçam a minha produção literária e a pesquisa acadêmica.
This is my Video-Poems channel, with the purpose of publishing excerpts from my books published in print and digital versions Dies ist mein Video-Gedichte-Kanal mit dem Ziel nach der Auszüge aus meinen Büchern zu veröffentlichen, die in gedruckter und digitaler Version veröffentlicht wurden. Este es mi canal de Video-Poemas, con el propósito de publicar extractos de mis libros publicados en versión impresa y digital. C'est ma chaîne Vidéo-Poèmes, dans le but de publier des extraits de mes livres publiés.
Eis o poema:
NO MEIO DO TEU CORAÇÃO HÁ UM RIO
Crer ou duvidar? A travessia é melhor, é humana e é de rio a sua essência ou esse tênue vacilar que dá no Nada. Escrever.
Duvidar.
Dar vau à crença e acreditar. Eis uma forma de felicidade, a crença. A travessia é de outra natureza, é mais livre. A dúvida é uma forma de se livrar do vício de criar.
Todos são Ribeiros nessas margens. Todos são Araújos sobre o limo primordial da terra. Silvas sob o silvo das canas dentro das flautas da tarde mansa. Sob o sol, todos são marujos, da estirpe de Simbad, Ulisses, Camões, Pessanha, Noratinho. Não sei onde é a chegada, se a chegada é a partida, não há a chegada; há sempre partida. Para quem vive do rio, partir é aprumar o rumo, e ir.
O que admiro é a água. Assombro-me porque posso atravessá-la. Ela é o adiante. Adiante sou eu que sou constante.
Passo.
Assim vivo, no passar. Resignar-se só no assombro que a água revela o que sou: o rio, suave ou veloz, constante. Tanta água e eu, uma margem vacilante. Vou acreditar em Rimbaud, o vidente e ladrão de fogo? Em Merlin? Que dizia você sabe quem você é; Em mim? Esse EU que mostrou sua falência em mil Pessoas e de onde se ouve a voz que não é minha e diz: tu és o que passa, e o rio é o que passa e repete no que vai já embora ou no que vai demorar.
Tá na hora de buscar o início para o salto adiante. Tá na hora do adiante. Tá na hora do teu coração mostrar suas escamas prateadas.
No meio do teu coração há um rio, e ele escreve a tua e a minha história com sonho e dor e com a água da travessia.
CRUZ, Benilton. No Meio do Teu Coração Há um Rio. In: Antologia Poética Abaetetuba. Garibaldi Nicola Parente e Benilton Lobato Cruz. Jundiaí, SP : Paco Editorial, 2021.
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