O historiador Boris Fausto dizia que toda a exaustiva encenação em cima do enforcamento de Tiradentes despertou no povo brasileiro um sentimento de revolta. Foram 18 horas de leitura da senteça, mais o cortejo, seguido do martírio no patíbulo e depois a desfiguração do corpo, exposto em público para que ninguém replicasse o ato corajoso do alferes.
Ele era exímio comunicador, e defendeu os inconfidentes jurando até a morte a lealdade e confiança, duas palavras raras hoje em dia e essenciais à civilidade de um ideal e de uma noção mínima do que podemos chamar de coragem. Dizem que a mulher com quem havia se casado secretamente com ele rondou em silêncio e tristonha ao redor da forca daquele sábado, 21 de abril, seu nome era Perpétua Mineira - nome emblemático a permanecer na alma desse homem que não desistiu de manter a sua Palavra.
Não há um imagem de Tiradentes de como realmente era, para justamente coibir sua memória, surgiram depois retratos que definem um porte de severidade e dignidade com a barba e uma certa cabeleira - no fundo um retrato talvez de como se poderia desenhar a figura de um certo paradigma de herói à época que surgiram esses desenhos. Tiradentes é o nosso Patrono Cívico, nomes tão deturpados no nosso processo de civilização brasileira, pátria é a terra de nossos pais, de nossos antepassados, depositados sob o chão que pisamos.
E realmente estamos vendo hoje nosso sentimento de pátria e civilidade sendo pisados sem o devido respeito à terra onde nascemos: nossa leis, nossa Carta Magna jogada no lixo por quem deveria defendê-la. O juramento de juízes do supremo é meramente retórica, uma nova encenação das "18 horas" do laudo condenatório de Tiradentes. Nada ocorre por acaso, (parece que foi ontem e a História se repete) - hoje é dia de lembrar de tudo isso, no silêncio da memória.
Benilton L Cruz
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