- Túmulo de Luis Vaz de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
-
- É um memorial fúnebre erguido para homenagear alguma pessoa ou grupo de pessoas cujos restos mortais estão em outro local ou estão em local desconhecido ou se perderam defintivamente.
Foi o que aconteceu com Luiz Vaz de Camões.
- O poeta teria sido sepultado na Igreja de Sant'Ana, em Lisboa, próxima da casa onde vivia a sua mãe, na calçada de Santana, mas "não se sabe exatamente onde", dizem os registros.
- O cenotáfio de Camões está no Panteão Nacional, na igreja de Santa Engrácia, também em Lisboa, desde 1966.
Minha admiração por Camões começou quando li o episódio de Inés de Castro, o episódio romanesco entre uma dama de companhia da princesa castelhana Dona Constança e o príncepe Dom Pedro, futuro Dom Pedro IV.
Sim, novamente a rixa: Reino de Portugal e Reino de Castela reacendia tudo por conta de um amor proibido "Que a Fortuna não deixa durar muito" - e me encantavam as imagens criadas pelo poeta através das palavras: "em seus olhos nunca enxuitos".
Eu ficava imaginando seus olhos brilhando por serem belos e por chorarem a dor do seu destino de ser "mísera e rainha", ou seja rainha depois e morta, quando Dom Pedro assume o trono português.
Neste verso, podemos ver uma síntese da história lusitana: a bela Inés choraria por seus filhos ao saber que seria decapitada pelos algozes que a via como castelhana ameaça ao reino de Portugal - ela que era da poderosa família Castro.
Eis o trecho de Os Lusíadas, canto III, estância 120:
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Impossível esquecer tamanha pintura renascentista feita com palavras. E é isso o forte na poesia: a música e a imagem, ou seja a melodia verbal e impactante lampejo de fulgurante composição lírica dentro de uma longa narrativa épica.
É a minha singela observação.
Benilton Cruz - professor da UFRA e membro da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará, cadeira 11, patrono Mário de Andrade, correspondente da AIMI - Academia Internacional de Maçons Imortais).
Comentários
Postar um comentário