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ATRAVÉS DAS HORAS, E EM CADA PALAVRA

Foto do autor: Belém sob chuva branca





Durch jede Stunde, durch jedes Wort

blutet die Wunde der Schöpfung fort

verwandelnd Erde und tropft den Seim

ans Herz dem Werde und kehret heim

Gab allem Flügel, was Gott erschuf

den Skythen die Bügel dem Hunnen den Huf

- nur nicht fragen, nur nicht verstehn

den Himmel tragen, die weitergehn

nur diese Stunde ihr Sagenlicht

und dann die Wunde, mehr gibt es nicht

Die Äcker bleichen, der Hirte rief

das ist das Zeichen: tränke dich tief

den Blick in Bläue, ein Ferngesicht

das ist die Treue, mehr gibt es nicht

Treue den Reichen, die alles sind

Treue dem Zeichen, wie schnell es rinnt

ein Tausch, ein Reigen, ein Sagenlicht

ein Rausch aus Schweigen, mehr gibt es nicht.


Gottfried Benn, 1933


Através das horas, e em cada palavra

Sangra da criação a ferida

Transformando a terra e gotejando o visgo

Ao coração que erra, para a casa voltar

Deus deu asas a tudo que criou

Aos citas, os templos, ao huno, o casco

- Só não pergunte, só não diga que não entendeu

Carregue o céu que passa

Só há esta hora e sua luz da história

E depois a ferida, nada mais ficará. 

Os campos lavrar, ao brado do pastor

Esse é o sinal: beba profundamente

O olhar em azul, um rosto distante

Eis a Lealdade, nada mais há

Lealdade à fartura, que é tudo

Lealdade ao sinal, que é veloz

Uma permuta, uma dança circular, uma luz lendária

Uma silente corrida, e nada mais há.


Tradução de Benilton Cruz


O grupo Jännerwein musicou o poema em alemão.


Link abaixo:


https://www.youtube.com/watch?v=MrU1_ujVm1s

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