14.03 - Para levar o povo de volta às ruas, no dia do poeta!
14 de março, aniversário de Castro Alves.
- Aos leitores da arte da palavra - esse difícil, ou fácil ou então impossível ofício, dedico este poema.
POETAS NA CALÇADA
(Benilton Cruz)
Deve haver um país que se chama Brasil
Deve haver um homem que se chama Carlos,
Ou que se chama Mario, ou que se chama Oswald
A caminhar entre cidades nervosas e muros pichados
E lixo espalhado pelo asfalto
E postes com a cara dos candidatos.
E atrás dos muros deve haver as armas e os barões assinalados.
Deve haver um Camões oferecendo o seu poema a um editor desconfiado
Deve haver um aprendiz, um poeta navegante
a salvar nas mãos o seu país
Todos são Carlos e sua testa fulgurante
Como um Mar que Minas não teve.
Todos são Mários viajantes de brasis e de parás.
Todos são Oswalds com indigestão antropofágica.
Todos são Bandeira e sua timidez de Manuel
Todos cantam o seu sabiá e sua palmeira
Todos saúdam Missal e Broquéis
Todos querem a cidade modernista de um Brasil por inteiro.
Todos caminham no caminho que se abre ao caminho:
- Lá vai Gregório, o pica-flor do Largo da Sé
Lá vai Marília, bela serrana de Dirceu, bom pastor.
Lá vai Castro Alves alfinetar o bigode
Sobe no palanque – o seu altar, para desposar a liberdade!
Sua noiva, e atrás dele o povo!
Voa Condor! Traz essa saudade!
Deve haver um país onde voa mais alto o homem livre.
Que semeia livros... “livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!”
Ou será o luar da lousa na floresta
"Foi poeta - sonhou - e amou na vida"
(O verso de Álvaro de Azevedo que sob a lua deitou-se aos 21 anos para apenas sonhar).
Se me demora mais um pouco, Olavo Bilac
Arruma o picenê sobre o nariz e lhe pede um poema
Perfeito como uma coluna grega.
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