Deve haver um país que
se chama Brasil
Deve haver um homem que
se chama Carlos,
Ou que se chama Mario,
ou que se chama Oswald
A caminhar entre
cidades nervosas e muros pichados
E lixo espalhado pelo
asfalto
E postes com a cara dos
candidatos.
E atrás dos muros deve
haver as armas e os barões assinalados.
Deve haver um Camões
oferecendo o seu poema a um editor desconfiado
Deve haver um aprendiz,
um poeta navegante
a salvar nas mãos o seu
país
Todos são Carlos e sua
testa fulgurante
Como um Mar que Minas
não teve.
Todos são Mários
viajantes de brasis e de parás.
Todos são Oswalds com
indigestão antropofágica.
Todos são Bandeira e
sua timidez de Manuel
Todos cantam o seu
sabiá e sua palmeira
Todos saúdam Missal e
Broquéis
Todos querem a cidade
modernista de um Brasil por inteiro.
Todos caminham no
caminho que se abre ao caminho
Lá vai Gregório, o
pica-flor do Largo da Sé
Lá vai Marília, bela
serrana de Dirceu, bom pastor.
Lá vai Castro Alves alfinetar
o bigode
Sobe no palanque – o
seu altar, para desposar a liberdade
Sua noiva, e atrás dele
o povo!
Voa Condor! Traz essa
saudade!
Deve haver um país onde
voa mais alto o homem livre.
Que semeia livros... “livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!”
E manda o povo pensar!”
Ou será o luar da lousa
na floresta
"Foi poeta -
sonhou - e amou na vida"
O verso de Álvaro de
Azevedo que sob a lua deitou-se aos 21 anos para apenas sonhar.
Se me demora mais um pouco, Olavo Bilac
Arruma o picenê sobre o
nariz e lhe pede um poema
Perfeito como uma
coluna grega.
São poetas na calçada,
São todos mários,
oswalds, carlos.
Somos todos andrades.
Bernilton Cruz










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