− Sagre-me, agora, o seu
cavaleiro, minha Senhora, que nunca vos tocarei além do coração. Perto ou longe
da sua presença, serei fiel e zelarei pela vossa honra que me faz cavaleiro.
Sagrai-me, agora, com o seu olhar que é belo como belas são a beleza e a discrição.
Sagrai-me com o vosso toque agora, sob a espada mais amarga da palavra e da
ilusão.
Meu nome será Cavaleiro da Princesa
Azul ou Cavaleiro da Amiga Melancólica, pois que todo cavaleiro tem vários
nomes para a vossa dama, para ser dois ou vários para defendê-la.
Caso não morra em combate e
caso venha a morrer em minha cama - que é a última glória de todo cavaleiro, farei
meu testamento outorgando-vos todas as minhas conquistas, esse meu pequeno
reino da palavra em meu poema.
“Senhora dos meus pensamentos”,
num lugar em vosso coração, “de cujo nome não quero lembrar-me”, prometo que
nunca lembrarei do nome do lugar onde possais me colocar, mas prometo ser vosso
cavaleiro para protegê-la do amor ou do contra-amor que possa vir a abatê-la.
Senhora, vossa liberdade me “afiança a glória de
partir”, pois que prefiro ser cavaleiro a poeta que “é enfermidade incurável e
pegadiça”. Serei vosso cavaleiro das palavras para galgar “a língua que é o
primeiro degrau para a ciência”. Sim, a poesia é também a minha “donzela,
meiga, juvenil e formosíssima” e me dará a “fama e nome estimado em todas as
nações civilizadas do mundo”.
O motivo disso é, minha Senhora, “que a arte não
vence a natureza, mas a aperfeiçoa”. Só peço isso, minha Senhora, deixe-me ser
vosso cavaleiro que a ”pena é a língua da alma” e que “tenho inimigo visíveis e
invisíveis”, e não digo que sou “louco, mas atrevido” e “cada qual que cumpra
com a sua obrigação; esta é a minha”.
Benilton Cruz
Do
livro Aedeus (Inédito)
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