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1.
TODO
BEIJA-FLOR quando
nasce é imperceptível, e ao nascer é do tamanho de outro beija-flor. Todo
beija-flor aprende a eternidade das flores. É breve o seu beijo, é breve o seu
desejo, é intenso o seu vôo. Todo beija-flor tem asas invisíveis para não tocar
o vento. Todo beija-flor vive em êxtase: não canta.
2.
TODO BEIJA-FLOR quando encontra outro
beija-flor não reparte a mesma flor. O vôo não é lugar para nada cuidar, o vôo
é o nada vacilante no ar. Toda flor é um convite e todo beija-flor traz no
peito um emblema de um reino feliz. Todo beija-flor é de utilidade pública, é
patrimônio universal da poesia.
3.
TODO BEIJA-FLOR quando morre não vai para o céu
dos beija-flores. Todo beija-flor quando morre se transforma numa coisinha leve
e sem osso que a terra não consegue fincar. Todo beija-flor quando morre vai
para a letra de um poema.
Benilton
Cruz. escritor e professor de literatura da UFPA. Publicou Aurora
que vence os tigres (Belém: Edições Rumo, 1996), O
livro da Malta de Poetas Folhas & Ervas (Belém: Edições Rumo, 1999), Antologia
do Grão-Pará (Rio
de Janeiro: Graphia, 2001) e LUZ —Antologia da Malta de Poetas
Folhas & Ervas (Belém:
Paka- Tatu, 2004). Acesse o blog ENTRE PALAVRAS
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