JUNTO AO TÚMULO DE TRAKL
O mein Bruder klimmen wir blinde
Zeiger gen
[Mitternacht. Georg Trakl
(ó meu irmão, ponteiros cegos, nós subimos à
meia-noite)
I
Até que a terra esconda
dos ossos o último sopro
de cinzas, a urna
à sombra
dessas espadas
no ar,
à janela,
serão flores sobre a laje
gasta do ácido das rosas
serão espelhos
que a rajada
fria da manhã acomoda
a palavra
que sopra, mas não cai
(hoje ainda: outono és
a estância última do sono)
II
O despertar dos mortos
na casa da memória
– o Amor, oh meu irmão,
a noite estilhaçou de prata o teu
túmulo
e tremem os olhos de Elis no silêncio
de Deus
Teu repouso, meu raio de sol sob a
chuva negra
Tuas aveleiras, Teus anjos de cristal
Tua lápide-terra, atalho de cavalos
azuis,
Tua voz púrpura de melancolia,
Teu lamento cego
nas flautas do outono,
Tua irmã suicida
Tuas papoulas de neve
Tua árvore castanha
sibila
solitária
Tu, túmulo
estrela
partida
verdeja ainda à fronte dos viajantes
à procura por ti
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