É perda de tempo lutar pelo o que não
se conhece. E isso se aplica a tudo e em primeiro lugar a si mesmo, afinal é um
pouco do nós que está em risco - o nós que está e anda junto - e desejar pode ser um perigo quando não conhecemos
a coisa desejada.
Desejar e querer não são a mesma coisa que saber e conhecer: é
fundamental atribuir conhecimento ao que se deseja – caso contrário o desejo se
torna ilusão. Portanto, não lute por algo ou alguém que não vai lutar por você. Só lute por aquilo que se deixa conhecer e que venha também a lutar por você.
Amar é um conhecimento que
se eleva, é o conhecimento perfeito por via da procura do conhecer sempre, e essa terna obsessão não se torna
engano, até porque é natural a mudança no ser humano.
É por isso que amar é a
forma absoluta do conhecimento, é a moldura perfeita da obra que se realiza se
conhecendo o outro e a si mesmo, quando a mudança pode ser permanente ou quando
o que mudou, no fundo, era a mesma coisa – em todo caso o conhecer não muda
porque é um ato do saber que se conhece, e assim torna-se o quadro perfeito.
É o que temos de melhor quando amamos
de verdade. Dizem que amar é intransitivo, ou seja, não pede complemento, não
pede nada em troca. Não é verdade, amar é um verbo que pede o complemento do saber,
pois só amamos o que conhecemos.
Deseje, mas não esqueça de conhecer o
que se deseja – para assim ser uma só coisa o desejo e o conhecimento. O desejo
pode ser um ato cego; o conhecimento, não.
A primeira coisa a fazer é tornar o
desejo uma entrada para a luz do conhecer. E lembre-se que há duas maneiras de
ver o interior das coisas e das pessoas.
A primeira se compara com a leveza da
luz de um amanhecer que devagar penetra as janelas, as portas e as frestas e
tudo adentra; e, a segunda maneira de ver, vem de forma mais brusca, quando essa
mesma luz, através de uma rachadura ou de uma brecha, penetra qualquer interior
que por algum motivo que não se deixou abrir ao conhecimento - e a luz foi necessário ferir.
Benilton Cruz
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