O
presente livro aborda quatro poetas que viveram suas juventudes em Belém do
Pará entre as décadas de 1920 a 1950. São textos originários da projeto
Dissimetrias Modernistas desenvolvido no Campus Universitário do Baixo
Tocantins (CUBT) da Universidade Federal do Pará, pesquisa que investigou as
inovações estéticas na poesia escrita em Belém do Pará.
No
primeiro ensaio, mostraremos um Antônio Tavernard sem a mística da dor e do
sofrimento. A ideia é revelar uma poesia mais ligada à juventude, intensamente
vivida sob o vigor da experiência vital menos romântica e mais consciente de
uma poética plural e moderna. Seu nome será defendido dentro da noção de poesia
relutante da forma, e metapoética, a que é convidativa e questionadora de sua
linguagem.
O
segundo ensaio trata de um tema muito importante na obra de Paulo Plínio Abreu:
a órfica reconstituição de um mundo fragmentado que, todavia, aponta outra
direção: o poeta não vai reunir um mundo despedaçado, como ainda se enxerga nas
interpretações do mito de Orfeu feitas pelo austríaco Rainer Maria Rilke,
crente da tarefa do poeta lírico como a de completar a obra divina e eternizar
as coisas perecíveis.
O terceiro capítulo
avalia a contribuição do romanceiro ibérico em Mário Faustino, redescobrindo as
“vozes” medievais em um poema moderno. Trata-se de um dos mais musicais poemas
da nossa literatura, o que leva nome de “Romance”, do autor de O Homem e sua Hora.
O
quarto ensaio do livro coloca em evidência Max Martins, poeta que inverte
atributos poéticos ocidentais e orientais, na troca proposital, a que poderemos
enquadrar com aquilo que estamos chamando de “olhar transverso” na moderna
literatura brasileira. Um dos pontos da nossa pesquisa foi o de mapear como
nossa identidade estética tem sido erguida com alguma inversão do que vem do
exterior. No caso, de Max, o olhar transverso força brechas e caminhos novos,
aproximando culturas e estéticas diferentes. O poeta de Não para Consolar cultiva palavras “não confiáveis”, expondo, sob a égide do Taoísmo, uma
poesia “impura”: as cifras do sujo como substância do informe, o não delineado,
como parte de sua poesia.
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